domingo, 28 de dezembro de 2008

O mochileiro das galáxias em New York City


Outubro de 2006. O avião começou a sobrevoar a cidade por volta das 7h30. E que vista! O emaranhado de ilhas e portos com aqueles prédios gigantes e aquela profusão de luzes é realmente breathtaking. Às 8h, aterrissagem no JFK. No aeroporto, bem menos aporrinhação do que eu imaginava, e na rua, os tais 7 graus do WeatherChannel! Peguei um busão do airport service, que me largou perto da Times Square (só que àquela altura, eu não fazia a menor idéia de que estava perto da Times Square, nem sabia se isso era bom ou ruim!). Eu só sabia que a estação 103rd st, da linha 1 do metrô, me deixaria a uma quadra do hostel.

O METRÔ

Entrei em uma estação do metrô e descobri o tamanho da encrenca. O metrô de NYC é cheio de minúcias que são verdadeiras "pegadinhas" para quem não é familiarizado com elas:

1 - O sentido das linhas não é indicado pela estações das extremidades, mas por Downtown (& Brooklyn) e Uptown (& The Bronx), que são extremos da cidade.
2 - É comum que por uma mesma estação passem várias linhas. Isso torna a sinalização nas estações um festival de placas para todos os lados. E, no meio do monte de placas, é importante reparar se há ou não uma seta no início da placa. As placas sem seta indicam que o local apontado na placa é ali mesmo. As placas com seta apontam aonde ir para encontrar o local indicado. Bastante óbvio, mas, no meio da correria das pessoas e dos zilhões de placas, é comum não atentar para as setas e tirar conclusões erradas. Vi até nova-iorquinos mesmo caindo na pegadinha.
3 - Outra, que talvez seja a mais tricky, é que é comum várias linhas compartilharem o mesmo trilho em certos trechos e depois o trilho bifurcar e cada linha seguir para um lado. Assim, pode acontecer de você estar em uma plataforma por onde passem as linhas 1, 2 e 3 mas apenas a linha 1 seguir até a estação onde você queira desembarcar. Isso significa que, se você pegar o primeiro trem que passar naquela plataforma (sem reparar se é o 1, o 2 ou o 3, por exemplo), pode ir parar bem longe de onde gostaria.
4 - Existem peculiaridades algumas linhas. Exemplo: pelo mapa, a linha 1, sentido downtown, segue até a South Ferry Station. Só que, na prática, apenas os 5 primeiros vagões vão realmente até lá. Os outros ficam na estação anterior. Isso é indicado em placa e avisado pelo metroviário, mas não deixa de ser mais uma coisa que pode atrapalhar os desatentos e desavisados.
Obviamente que na primeira viagem de metrô eu não sabia de nada disso. Fui atentando à medida em que fui usando.
Outra coisa é que o metrô é centenário e isso é absolutamente visível, sem disfarces. Tem coisas que parecem não ter recebido nem um retoquezinho de tinta desde a inauguração!
Por fim, vale a pena dar uma planejada rápida sobre qual bilhete comprar. No final de 2006, os bilhetes eram vendidos na máquinas e existiam as opções "single ride", que custava $2, e "metrocard - unlimited ride", com preços de $7 para a opção 1-day e $24 para a opção 1-week. Assim, se for fazer mais de 3 viagens no período de um dia, é mais vantajoso comprar logo o metrocard de 1 dia. Detalhe: o metrô funciona 24 horas e o metrocard de 1 dia vale até as 3 da madruga. Se for fazer mais de 12 viagens no período de 1 semana, é mais vantajoso comprar o metrocard de 1 semana.


A CIDADE

Como é básico, a primeira coisa que um mochileiro faz (depois de largar a mochila em algum locker) é descolar um mapinha e começar a entender a geografia da cidade, fazendo um tradicional "fooling around".Pois bem... O primeiro passo para entender NYC é segmentá-la em 4 grandes regiões mais algumas ilhazinhas. As 4 regiões são Manhattan, Brooklyn, The Bronx e Queens. Conheci apenas a ilha de Manhattan. Concordo que isso dá uma visão enviesada da cidade, mas é lá que ficam 90% dos must-go places da cidade... e esses locais são muuuuuuitos.
Manhattan é uma ilha comprida no sentido norte-sul (ou uptown-downtown, respectivamente), com avenidas longitudinais e ruas transversais. Ou seja, as sagradas noções de paralelismo e perpendicularidade são respeitadas no traçado das ruas. Exceção feita à Broadway Avenue, que corta a ilha numa diagonal. No sentido leste-oeste, as avenidas são numeradas, sendo as principais as do centro - 5th, 6th e 7th. Depois da 7th, lado oeste da ilha, elas passam a receber nomes (Columbus Ave, Amsterdam Ave, etc). Quanto às ruas, elas são numeradas do centro para o norte (uptown). No lado downtown, elas recebem nomes.Na parte uptown, a divisa entre West Side e East Side é o Central Park, o maior parque urbano do mundo e um dos lugares mais espetaculares que já conheci!!!
O centro da ilha é a 42nd St, entre a 5th e a 7th Aves, que corresponde à região de Times Square - o festival de outdoors, neon e letreiros luminosos mais impressionante dessas bandas! Também próximo dali ficam o Empire State Building (prédio mais alto da cidade depois da queda do WTC) e o Rockefeller Center, que é o "shopping Iguatemi" de NYC.
Na parte downtown (sul de Manhattan), fica o centro financeiro - onde está Wall Street e onde ficava o World Trade Center. Também ficam lá os bairros das grandes colonias de imigrantes - Chinatown e Little Italy. (Little Brazil fica na 46th St, mais no centro). E bem ao sul da ilha fica a South Ferry Station, de onde partem ferry boats para as ilhas onde ficam a Estátua da Liberdade e o museu da imigração (Ellis Island) e para New Jersey. Esses percursos de ferry boat duram coisa de meia hora.A ilha de Manhattan é conectada por pontes ao The Bronx na parte norte e ao Brooklyn na parte sul. O Queens é uma região vizinha ao Brooklyn.

O HOSTEL

Atenção, mochileiros! Não esperem do HI-NY a mesma qualidade dos melhores hostels do mundo (como o Milhouse de Buenos Aires ou o Le D'Artagnan de Paris). Eh um hostel comum, sem grandes diferenciações. Só que, como é mais caro que a média ($30 um 12-bedded para associados), acaba decepcionando por não ser também melhor que a média. Não tem café incluso, mas eu gastava cerca de $4 para tomar café na cantina deles. Fica na esquina da Amsterdam Ave com a 103rd St, a uma quadra do metrô, 3 quadras do Central Park, 3 quadras de uma filial da NY Public Library (100th St, entre Amsterdam e Columbus Aves), onde se pode acessar internet gratuitamente (no hostel, custa $0,10, com preco mínimo de $2) e tem supermercado a umas 5 quadras. Apenas no dia em que fui embora, descobri outro hostel que me pareceu mais interessante - Central Park Hostel - a meia quadra do parque. Fica anotado para a próxima ida...

O CENTRAL PARK

Como o check-in no hostel era somente à 16h e cheguei lá às 11h, deixei o mochilão no locker e fui dar uma volta no Central Park. Caras... que lugar é aquele?!!! Não dá mais vontade de sair de lá!!! A área do parque se estende longitudinalmente por 52 quadras e tem um sem-número de jardins (Shakespeare Garden, Strawberry Fields, Hans Cristian Andersen's, Alice in the Wonderlands), campo de futebol, quadra de tênis, várias lagoas e um lago maior e que eles chamam de The Reservoir Jackeline Kennedy Onassis. O Reservoir fica bem no centro do parque e tem uma pista circular de terra ao redor onde a galera vai correr. (Na verdade, a galera mais profissa nas corridas corre no percurso que circunda o parque inteiro, mas achei o Reservoir o lugar mais show pra correr). Tem inclusive um velhinho por lá, apelidado de "prefeito do Central Park", que foi o primeiro cara a correr ao redor do Reservoir. Na boa... a pessoa que viver ao lado do Central Park e puder todo dia dar uma corridinha ou uma passeada descompromissada por lá não pode se queixar a respeito de qualidade de vida!


















DOWNTOWN E AS BALADAS


Depois do passeio no Central Park e do check-in no hostel, as três noites de pouco sono que tinham se antecedido pesaram mais e acabei capotando. No dia seguinte, fui conhecer o centro financeiro - Wall St e o WTC - e fiz a foto com o touro da Bolsa de NYC, que ainda será histórica e valerá milhões de doletas, hahahaha! Eu a chamo de The Taming of the Bull, ou, em português, O Touro Domado.

















Pra terminar o dia, uma baladinha na Bleecker St, uma rua no centro cheia de barzinhos com música ao vivo. Como os bares eram "free admission", fui entrando em cada um e curti muitíssimo. A segunda coisa que adorei (a primeira foi a entrada de graça!) foi uma lei que vigora em alguns estados americanos (New York entre eles) que proíbe que as pessoas fumem em lugares fechados, o que inclui as baladas. Vocês têm noção do que seja isso? Balada sem fedor... roupas sem fedor na volta pra casa... ambiente respirável... simply great!!! O barzinho que curti mais foi o The Red Lion e o que fechou a noite não podia ter nome mais sugestivo - The Bitter End. Dia seguinte... domingão. Dia de tradicional passeio pelo centro de NYC: Times Square (que inclui o painel da Nasdaq, o Hard Rock NY, outdoors das mais de 10 peças da Broadway em cartaz, Bubba Gump e, como em todas as esquinas dos EUA, uma Starbucks), Rockefeller Center e, por fim, o observatório médio do Empire State no 86o andar (o mais alto fica no 103o). O elevador sobe tão rápido até o 80o andar que o painel vai pulando os andares de 10 em 10 e a gente tem aquela mesma sensação de tampão nos ouvidos que temos em decolagens e aterrissagens de aviões.


A ESTÁTUA DA LIBERDADE E A BROADWAY

Fechando o dia, uma baladinha básica em um bar chamado Grooves, perto da Bleecker St e da NYU (New York University, a razão de haver tantos barzinhos por ali). Finalmente, a Estátua da Liberdade. A fila assusta, mas daí vale a máxima "tá no inferno, abraça o capeta!". Uma hora na fila, meia hora no ferry boat e lá está ela... a estátua. Além do aspecto histórico-cultural envolvido, foi criado ao redor da estátua, na ilha, um ambiente agradabilíssimo que, por si só, já faz o passeio valer a pena. E quando achei que já iríamos retornar a Manhattan, eis que o ferry boat segue para Ellis Island, a ilha onde ficava o controle de imigração entre 1890 e 1920. Nessa época, centenas de milhares de europeus embarcaram em navios, fugindo da miséria, rumo à terra que eles viam como lugar de prosperidade. Após meses no navio, a primeira visão que eles tinham de New York era a Estátua da Liberdade. Os navios, então, paravam em Ellis Island, onde os imigrantes eram registrados. Com a redução do movimento e a massificação do avião como meio de transporte transcontinental, o serviço na ilha foi desativado e somente nos anos de 1990 foi criado um museu da imigração, reconstituindo o lugar. Durante esse passeio, lembrava-me constantemente da cena do "Poderoso Chefao 2", com a chegada de Vito Corleoni à América.
























E para encerrar o dia, uma Broadwayzinha vai bem! Para manter a tradição dos "first time visitors" de New York, fui de "Fantasma da Ópera" (embora sinceramente preferisse "Spamalot", que jah estava com ingressos esgotados). Como eu já tinha tido uma péssima experiência com "Les Miserables" no Brasil (muita produção pra pouca atuação), fui de "pé atrás". Mas taí que o espetáculo me surpreendeu positivamente! De fato, o cara que fazia o Fantasma não me agradou e a qualidade de várias cenas ficava mesmo só por conta da produção e da trilha sonora genial do Andrew Lloyd Weber. Mas a Kristine, o Raoul e o elenco de apoio davam conta do recado e achei que o resultado ficou bom. Talvez pela própria trama do Fantasma não ser tão densa quanto dos Miserables, a peça fica realmente mais "broadwayable". Por fim... último dia em NYC, uma passada no American Museum of Natural History e no campus de Columbia, ambos na região do Central Park. À noite, Halloween! Interessante como o Halloween parece o carnaval de lá. As pessoas andam pelas ruas fantasiadas (rumo às festas e concursos de fantasias) e eufóricas! Bem divertido!



sábado, 27 de dezembro de 2008

New York, New York

New York New York (Frank Sinatra)

Start spreading the news
I'm leaving today
I want to be a part of it
New York, New York

These vagabond shoes
Are longing to stray
Right through the very heart of it
New York, New York

I wanna wake up
In a city that doesn't sleep
And find I'm king of the hill
Top of the heap

These little town blues
Are melting away
I'll make a brand new start of it
In old New York

If I can make it there
I'll make it anywhere
It's up to you
New York, New York

I want to wake up
In a city that never sleeps
And find I'm A number one
Top of the list
King of the hill
A number one

These little town blues
Are melting away
I'm gonna make a brand new start of it
In old New York

And if I can make it there
I'm gonna make it anywhere
It's up to you
New York New York

Especialização é para insetos


"Um ser humano deve ser capaz de trocar uma fralda, planejar uma invasão, matar um porco, comandar um navio, projetar um edifício, escrever um soneto, fazer a contabilidade, construir uma parede, cuidar de um ferimento, consolar os que estão para morrer, receber ordens, dar ordens, cooperar, agir sozinho, resolver equações, analisar um novo problema, adubar a terra, programar um computador, cozinhar uma refeição saborosa, lutar eficientemente, morrer galantemente. Especialização é para insetos".

(Robert A. Heinlein)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O palhaço de Notre Dame


Quem me conhece sabe da antipatia que tenho por franceses. (Na verdade, não sei se é por franceses ou especificamente por parisienses, dado que até hoje só conheci uma francesa não parisiense - Sandrine, de Lyon - e ela era muito agradável, além de ser gata e falar inglês).
Pois eis que era janeiro de 1999 quando eu estava mochilando pelo Velho Continente e, após um memorável revéillon em Barcelona (digno de um post no futuro) e após muito enchimento de saco por parte de um amigo que fazia esse trecho do mochilão comigo, fui convencido a embarcar em um TGV para Paris.
Uma moça no trem andava pelo corredor saudando todo mundo com um "Bon Anné, Bon Anné", o que parecia muito hospitaleiro, mas, dito em francês, me soava falso e irritante. O TGV era bem mais caro que os outros trens que peguei pela Europa mas, obviamente, era bem mais confortável pois era totalmente leito. Aquela foi a melhor dormida em trem na minha vida. Mas, como franceses (ou parisienses, sei lá!) têm o talento inato para a inconveniência e a arrogância, o fiscal de fronteiras veio perturbar meu sono quando o trem adentrou o país e, ao ver meu passaporte verde-escuro, falou com um risinho de canto de boca: "Brésil? Zidane!" Eu o mandei à merda em inglês, aproveitando que todo francês típico finge que não entende a língua que os passou pra trás.
Chegando a Paris, conheci:
- uma cidade relamente muito bonita (especialmente a região de Champs du Mars, ao redor da Tour Eiffel), mas beeeeeeeem menos charmosa que Viena e Buenos Aires;
- uma comida realmente deliciosa (até o café da manhã num McDonald's é saboroso!);
- um povo extremamente antipático, que fala com cara de poucos amigos e finge não entender inglês;
- um dos melhores albergues que já conheci (Le D'Artagnan, da Hostelling International), onde tinha um ótimo jantar e até um cinema!;
- uma fila interminável para visitar coisas sem graça no Museu do Louvre (incluindo o quadro da Mona Lisa, que é minúsculo e, cercado de japoneses com câmeras, fica quase invisível);
- excêntricos visitando túmulos do Jim Morrison, do Alan Kardec e do Oscar Wilde no cemitério Peré Lachaise;
- a beleza e a imponência do Palácio de Versalhes, desde os intermináveis jardins até o Hall dos Espelhos;
- um sistema de metrô muito bom, mas com usuários (franceses, obviamente) fedendo, abraçados com cachorros e pulando catracas;
- a imponência do Arco do Triunfo e da Champs Elisées; e, finalmente...
- a Catedral de Notre Dame, palco da mais cômica estripulia que me lembro de ter feito em mochilões.


Como disse, era mês de janeiro... e ventava absurdamente na cidade. Não era um vento agradável e refrescante, como o leitor pode estar imaginando. Eram verdadeiros tufões, rajadas que lhe empurravam para trás quando você andava na rua! Supus que fosse um fenômeno típico dos meses de inverno por lá, porque todos os pontos turísticos que tinham partes altas (Torre Eiffel, torres de catedrais, etc) estavam com proibições de acesso a esses setores, creio que para evitar acidentes com turistas voadores.
Como o leitor é bastante perspicaz, já deve ter deduzido que, quando visitei a catedral de Notre Dame, a torre mais alta estava fechada pra visitação (suponho que por causa do vento muito forte). E isto aparecia em avisos afixados na entrada da catedral, escritos em vários idiomas, dentre os quais o português. Mas é aí que chegamos ao início da historinha. O aviso em português dizia:
A TORRE DA CATEDRAL VAI FICAR FECHADA ATÉ ABRIU.
Ao mesmo tempo em que imaginei que o mês de abril marcasse o final da temporada de ventos fortes, incomodei-me com o flagrante e escandaloso erro ortográfico do "ABRIL" escrito com "U" no final. Afinal, um povo que tanto me torrara a paciência para que eu admirasse a língua dele aparece, num rompante, aviltando a minha!
Não me contive e fui reclamar (em bom inglês, para ficarmos na neutralidade entre as partes) com a moça responsável pelos avisos.
- Com licença. Sou brasileiro, nativo de língua portuguesa, e estou incomodado com um erro orotgráfico gritante que vocês cometeram no aviso em português. Acho que vocês devem tratar com mais cuidado as línguas dos outros!
Surpreendentemente, a moça mostrou-se preocupada, desculpou-se, e prontamente sacou uma caneta para corrigir o erro.
- Qual a grafia correta, senhor?
- ABRIL não se escreve com U no final, mas com... ... ... R!
Ela empunhou a caneta e corrigiu o aviso, conforme minha recomendação:
A TORRE DA CATEDRAL VAI FICAR FECHADA ATÉ ABRIR.

Pelos botecos...


Uma crônica que adoro, do Antonio Prata:

MEIO INTELECTUAL, MEIO DE ESQUERDA

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de 150 anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de 150 anos, mas tudo bem). No bar ruim que ando freqüentando nas últimas semanas o proletariado é o Betão, garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas acreditando resolver aí 500 anos de história. Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura. "Ô Betão, traz mais uma pra gente", eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte do Brasil. Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte do Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gateau e não tem frango à passarinho ou carne de sol com macaxeira que são os pratos tradicionais de nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gateau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda. A gente gosta do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne de sol, a gente bate uma punheta ali mesmo. Quando um de nós, meio intelectuais, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectual, meio de esquerda freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim. Porque a gente acha que o bar ruim é autêntico e o bar bom não é, como eu já disse. O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e nesse ponto a gente já se sente incomodado e quando chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual, nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e universitários, a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevete e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo. Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam em 50% o preço de tudo. Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato. Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se fodem, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão brasileira, tão raiz. Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda, no Brasil! Ainda mais porque a cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gateau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda, como eu que, por questões ideológicas, preferem frango a passarinho e carne de sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca mas é como se diz lá no nordeste e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é mais assim, Câmara Cascudo, saca?).
- Ô Betão, vê um cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?



Meta de inflação: que bicho é esse?


Como um dos temas do blog é Economia, esse post explica o modelo adotado no Brasil desde 1999 para orientar as decisões de política monetária do Banco Central - o regime de metas de inflação (inflation targeting).

Nesse modelo, os instrumentos de política monetária (taxa básica de juros, depósitos compulsórios, etc) são dimensionados de modo a fazer um determinado índice de inflação em um período convergir para um valor anteriormente definido.

No caso brasileiro, o índice empregado é o IPCA, por 3 razões:
1 - é um índice ao consumidor, ou seja, à ponta final da cadeia, que é o objetivo do governo - o impacto da inflação sobre a população em geral;
2 - é um índice nacional;
3 - é um índice que abrange um amplo espectro de faixas de renda (de 1 a 40 salários mínimos).

Todo meio de ano (junho ou julho), em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN - leia-se, ministros da Fazenda e do Planejamento e presidente do Banco Central), decide-se a meta de inflação para dali a um ano e meio e valida-se a meta para dali a seis meses.

A cada reunião do Copom, faz-se a projeção do IPCA do ano, para se decidir sobre a taxa Selic.

O Copom é o Comitê de Política Monetária do Banco Central, formado pelo presidente e pelos diretores do Banco. Atualmente, as reuniões acontecem a cada mês e meio e geralmente duram dois dias. Do primeiro dia da reunião, participam, além do presidente e diretores do banco, os chefes dos departamentos e gerências ligados às diretorias de política econômica e política monetária (Depec, Depep e Gerin; Deban, Demab e Depin) e outras chefias cuja presença se julgue relevante. Esse dia é deidicado a apresentações da evolução do cenário econômico no último mês - índices de inflação, crescimento, desemprego, inadimplência, balanço de pagamentos, taxas de juros nos mercados, risco-país, notícias relevantes sobre perspectivas internacionais ou sobre preços administrados... enfim, uma extensa pauta de temas que possam influenciar nas decisões de política monetária - taxa básica de juros, com ou sem viés, regras para depósitos compulsórios e redescontos. No segundo dia, presidente e diretores discutem acerca do que foi apresentado no dia anterior e decidem na base do voto. As decisões são anunciadas no mesmo dia. Ultimamente, tem sido praxe o anúncio das decisões somente após o fechamento das atividades do mercado financeiro no dia, para evitar tumultos especulativos (arbitragem predatória, por exemplo). Na semana seguinte, é divulgada ao público (acessível pelo site do BC) a ata da reunião, com explicações sobre como cada um dos itens discutidos no primeiro dia influenciou a decisão final. O modelo é inspirado no
Federal Reserve Board norte-americano, que promove reuniões mensais de seu comitê de política monetária, chamado FOMC.

Nas projeções de inflação feitas pelo Copom, pode-se optar por diversas metodologias - excluir sazonalidades (caso brasileiro), excluir preços administrados (não é o caso brasileiro), manter apenas o "núcleo de inflação", fazer o cálculo de "médias aparadas". Outra coisa que pode ou não ser adotada (e o é, no caso brasileiro) é uma margem de tolerância.Caso, no final do ano, o índice utilizado fique acima da meta (centro da meta mais margem de tolerância, no caso brasileiro), o presidente do Banco Central deve enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, justificando o ocorrido.

Atualmente, alguns países que adotam formalmente o regime de metas de inflação são:
- na América do Norte: Canadá e México;
- na América do Sul: Brasil, Chile, Colômbia e Peru
- na Europa insular: Reino Unido e Islândia;
- na Europa nórdica: Suécia e Noruega;
- no Leste Europeu: Polônia, Hungria e República Tcheca;
- no restante da Europa: Suíça;
- na Oceania: Austrália e Nova Zelândia;
- na Ásia: Israel, Coréia do Sul, Tailândia;
- na África: África do Sul e Egito.

O potinho de ouro no final do arco-íris

Banco Central para os interessados: FAQ


Anos atrás, costumava receber vários e-mails e telefonemas com perguntas sobre o trabalho no Banco Central: como é o acesso, quais as atividades, os horários, a carreira, as vantagens e desvantagens... Quando cansei de dar as mesmas respostas um sem-fim de vezes, criei um blog sobre isso e passei a simplesmente indicá-lo aos interessados. Agora que estou condensando meus blogs neste, aí vai o essencial sobre o tema...

* O acesso é via concurso? Quando será o próximo?
Sim, o acesso é via concurso (a não ser que você seja um medalhão da teoria econômica ou do mercado financeiro e seja convidado para ser diretor, presidente ou conselheiro do Banco). No entanto, não há periodicidade nos concursos (os mais recentes foram em 2001, 2002 e 2006). Por isso, o único meio de saber sobre o próximo é ficar atento a fontes de informações sobre concursos (por exemplo, o site Correioweb). Mas é importante manter-se estudando, porque os editais costumam sair com pouco tempo de antecedência (coisa de 2 meses) em relação às provas.

* O que cai no concurso? Como devo me preparar?
Só é possível saber isso com exatidão quando sai o edital. Mas há matérias que são básicas, que são cobradas sempre e com certeza:
- Português (textos sobre os quais são formuladas questões de interpretação e gramática), normalmente Redação, Direitos Constitucional e Administrativo, o essencial de Matemática Financeira, Estatística e Contabilidade, e muitas vezes Inglês são temas cobrados em quase todos os concursos não-jurídicos - e o do Banco Central não é exceção.
- Macroeconomia, Microeconomia e Finanças são matérias certamente cobradas nos concursos do BC.
Concentrando-se esforços nestas, antes mesmo de sair o edital, tem-se muito boas chances.
Uma dica para material de estudo é o site da
Editora Vestcon.

* Se eu passar no concurso, em que cidade irei trabalhar? Quais as diferenças entre trabalhar na sede ou em alguma regional do banco?
Na inscrição para o concurso, o candidato já deve indicar a praça (cidade) para onde o está prestando. As 10 opções são:
- Brasília (sede);
- 3 regionais no sudeste: São Paulo, Rio e BH;
- 2 regionais no sul: Porto Alegre e Curitiba;
- 4 regionais no norte/nordeste: Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.
As maiores demandas por pessoal são Brasília e São Paulo. Mas, uma vez estando no banco, é possível (e não muito complicado) conseguir remoção para outra praça.Quanto às diferenças, as melhores oportunidades ficam na sede. Às pessoas que não se incomodem em morar em Brasília, é fortemente recomendável optar por ir pra lá.


* Como são os incentivos à pós-graduação?
Isso eu considero o "filé mignon" de lá. O Banco tem um programa de licenças remuneradas por um período de 2 anos para cursos de mestrado ou 4 anos para cursos de doutorado, em escolas no Brasil ou no exterior.
O pedido de licença do servidor precisa ser aprovado por um comitê e os critérios de aceitação são:
1 - que o curso seja em área de interesse do banco (leia-se: Economia, Administração, Finanças, Contabilidade, Direito ou Matemática);
2 - que a escola pleiteada tenha nota mínima 5 na avaliação da Capes (que vai até 7) ou, em caso de escola no exterior, que seja instituição bem reconhecida na comunidade acadêmica internacional (não há um critério objetivo nesse caso); e
3 - que haja disponibilidade de vagas para tal (na prática, sempre há).


* O dia-a-dia é interessante? Quais as áreas?
Depende da área no banco e dos interesses de cada um. Particularmente, meus interesses são em política monetária e adoro minha área no banco, que está justamente relacionada a esse tema. Tem gente que curte supervisão, já eu não me interesso por isso. A maioria das pessoas foge da área administrativa (que costumam chamar de "área meio", em oposição ao que seriam "áreas fins"), mas tem gente que curte muito estas áreas. Enfim... dada a diversidade de atividades, acho pouco provável não encontrar nenhum departamento com um dia-a-dia que pareça interessante. E como existe possibilidade (também não muito complicada) de mudança de departamento, a satisfação depende basicamente do seu esforço em buscá-la.
As diretorias (atualmente 7) e seus respectivos departamentos são:
1 - Diretoria de Administração (Dirad), que trata de questões administrativas internas do banco - pessoal, contabilidade, informática, materiais, infra-estrutura, segurança - e também do meio circulante. Compreende os departamentos de Meio Circulante (MECIR), Pessoal (DEPES), informática (DEINF), Contabilidade (DEAFI) entre outros.

2 - Diretoria de Política Monetária (Dipom), que faz uso dos instrumentos de política monetária junto ao mercado financeiro. Compreende 3 departamentos - DEBAN (sistema de pagamentos e operações bancárias), DEMAB (mesa de operações de títulos) e DEPIN (mesa de câmbio).
3 - Diretoria de Política Econômica (Dipec), que acompanha as variáveis macroeconômicas do país - índices de inflação, crescimento, desemprego, inadimplência, consumo, setores específicos de mercado, exportações, importações, balanço de pagamentos.
4 - Diretoria de Assuntos Internacionais (Direx), que faz a interface entre o Banco Central do Brasil e os organismos financeiros multilaterais - BIS, FMI, Banco Mundial, BID entre outros.
5 - Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro (Dinor), que regulamenta o funcionamento do Sistema Financeiro Nacional.
6 - Diretoria de Fiscalização (Difis), que, basicamente, fiscaliza as práticas contábeis e operacionais dos bancos comerciais, com vistas a coibir crimes financeiros.
7 - Diretoria de Liquidação e Desestatização (Dilid), que conduz os processos de liquidação extrajudicial (equivalente a falência) de bancos.
No site do Banco, pode-se ver o
organograma completo.

* Como é a carreira? Vale mais o tempo de serviço ou a "meritocracia"?
Existe uma escala salarial de 13 níveis e a passagem de um nível a outro leva de 1 ano a 2 anos e meio, dependendo da sua avaliação. Ou seja, há um mix entre tempo de serviço e meritocracia. Contudo, bem mais interessante que a escala salarial são as funções comissionadas (atividades especiais ou gerenciais, remuneradas à parte com comissões).

Bom. Espero ter sido esclarecedor. Mais dúvidas? Comentem no post.

O yoga para curiosos

Pra começar, a palavra é masculina (O yoga), grafada com Y e sem acento, e a pronúncia é fechada (como se houvesse acento circunflexo, "chapeuzinho", no "o"). A palavra vem do idioma sânscrito, bem como todas as palavras do vasto "vocabulário yogi", e significa UNIÃO. Yogi tanto pode ser o praticante de yoga como o adjetivo "referente ao yoga".
O yoga é uma prática milenar, iniciada pelos hindus, que tem como um de seus princípios - talvez o mais abrangente deles - justamente unir, integrar as energias dos seres e da própria natureza, do Universo, como uma forma de harmonização e purificação. Muito mais do que um "exercício físico", a prática do yoga busca uma integração corpo-mente-espírito, uma harmonização entre os 3 elementos que compõem o EU de cada um e também uma harmonização com as outras pessoas e o ambiente.
As práticas costumam englobar 3 categorias de exercícios: ásanas (as famosas posições do yoga), pranáyamas (respirações) e meditação (esvaziamento da mente, geralmente até que se possa ouvir o próprio corpo). As práticas devem ser feitas em ambientes tranqüilos: ao ar livre, com muita natureza ao redor (seja mata ou praia), ou numa sala silenciosa, apenas com uma música zen ou uns mantras e preferencialmente energizada com incenso. Um hábito que suponho ser ocidental é fazer os ásanas sobre "tapetinhos" que chamamos mats.
O símbolo abaixo, que aparece em todas as discussões sobre yoga, é a representação gráfica do mais famoso mantra do yoga: OM, que, no sânscrito, significa EU. É justamente um mantra para buscar internalização, auto-busca, concentração em si próprio.


Outra palavra muito comum no "universo yogi" é NAMASTÊ, que é como os yogis se cumprimentam e significa "O MEU EU SAÚDA O SEU EU".
Os primeiros passos no yoga devem sempre ser feitos sob orientação de um mestre yogi. Mas, quem já tem alguma autonomia e anda sem espaço na agenda para sessões inteiras, uma boa prática matinal pode ser um pranáyama simples na posição da lótus, uma seqüência de súrya namaskár (saudações ao sol) e uma invertida.

Sendo o yoga uma "filosofia de vida", que vai muito além de simples atividade física, os yogis costumam ter hábitos de vida que vão além das práticas periódicas de sessões. Algo muito comum são yogis ovo-lacto-vegetarianos, que alegam que carnes como alimento ferem o "princípio da não-violência" e carregam uma "energia negativa" oriunda do sofrimento do animal que foi sacrificado. Um pouco de hinduísmo na prática. Segue quem quer, sem preconceitos.
Bom... Estão aí as curiosidade de bolso...

NAMASTÊ!

Mercúrio


- Geminiano com ascendente em Virgem! Puxa, você é duplamente mercuriano! Você deve ser extremamente racionalista!
Foi o que ouvi do amigo Hênio João quando o conheci, anos atrás. Figuraça o Hênio João. Sempre que conhece uma pessoa, a primeira coisa que ele pergunta é a data de aniversário. Daí ele comenta sobre o signo e, se a pessoa mostrar-se "antenada" em astrologia, ele pergunta o ascendente. No final da conversa, ele pergunta se a pessoa quer que ele faça seu mapa astral (gratuitamente). Definitivamente o cara mais fascinado por astrologia que já conheci!
Na primeira vez em que conversamos, ele saltou da cadeira comentando exatamente o que escrevi acima. Disse que era a primeira vez que ele conhecia uma pessoa com o mesmo regente no signo solar e no ascendente.
- Duplamente regido por Mercúrio! Puxa, um mercuriano puro! Você sabe que Mercúrio é o mais cerebral, o mais raiconal dos astros, não é?
Não sabia. Sempre achei a astrologia interessante mas nunca fui um estudioso dela. As únicas coisa que sabia até então é que era geminiano (e, conseqüentemente, criativo, curioso, ambíguo, perspicaz, volúvel e comunicativo), que meu signo oposto era Sagitário (signo oposto é o sétimo signo contado a partir do seu e, astrologicamente, o mais adequado para relacionamentos amorosos) e que meu ascendente era Virgem. Ouvia falar que Sagitário era o signo da sorte. E sabia ainda, por ter pai e vó taurinos e mãe escorpiana (signos opostos!), que taurinos costumam ser cabeça-dura e escorpianos exagerados.
Foi na conversa com o Hênio João que vim a saber que tanto Gêmeos quanto Virgem são regidos por Mercúrio. E que Mercúrio á o astro cerebral. Duplamente mercuriano... puta merda!
Depois Hênio João fez meu mapa astral. E descobriu que eu tinha gosto por línguas e era - adivinhem! - propenso a viajar muito, hehehehe! Ok... vou pensar se faço um mochilão pra Mercúrio.
Anos mais tarde descobri também sobre os elementos - ar, água, fogo e terra. Gêmeos é ar. Por isso que somos aéreos, fluidos, dispersos, distraídos, pensamos em mil coisas ao mesmo tempo e costumamos ser sonhadores. Por isso que somos comunicativos... simplesmente gostamos de lançar nossas idéias no ar, para que elas voem o mundo inteiro - melhor ainda se pudermos voar junto com elas! Aquário e Libra também são ar. Por isso nos damos bem. E como o ar alimenta o fogo, temos a boa interação (especialmente sexual) com os signos das chamas: Áries, Leão e... Sagitário. Na mesma linha, a água (Câncer, Escorpião, Peixes) alimenta a terra (Touro, Virgem, Capricórnio).
Interessantes as lições da astrologia. Melhor ainda em bate-papos com o Hênio João.

Mais Teresina em verso




Letra da belíssima canção de Aurélio Melo & José Rodrigues, considerada o "hino não-oficial" de Teresina. Na estrofe final, a única de que não gosto, uma alusão ao mercado do Troca-Troca. (Infelizmente, não encontrei um vídeo com uma execução decente da canção)...






Teresina

Ei, você me deixa tonto, zonzo
Quase como um louco de encantamento
Eu desanoiteço no seu todo de mulher

E no verde dos seus olhos de menina
Seu olhar de querubina faz o sol me esquentar
E quando é noite a lua nina Teresina
Que desatina até o sol raiar

E de manhã eu olho pra Timon
E sinto um gosto bom do Parnaíba a desaguar
Então eu choro transbordantemente
De alegre enchente no meu coração

São dois veios vivos como as águas claras
Desse Parnaíba que não volta mais
Apenas olho minha Teresina
Como quem delira na beira do cais

Ai, troca, quem troca destroca
Minha Teresina não troco jamais
No Troca-Troca, quem troca destroca
Minha Teresina não troco jamais


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Cajuína (Caetano Veloso)

Bebida-símbolo do Piauí, a cajuína é uma espécie de "suco de caju cristalino, não travoso, não adstringente", textura de água e sabor de caju. A textura ímpar deve-se ao processo de fabricação, que retira a "turvação" do caju. Feita para ser bebida bem gelada, seu sabor refrescante combina à perfeição com os termômetros da cidade, sempre acima dos 30 graus.

E a bebida virou também música, em versos belíssimos de Caetano Veloso para homenagear a cidade a partir de uma história igualmente bela. Não sei se eram os idos dos anos 60 ou 70, mas era, segundo consta, a primeira vez que Caetano se apresentava na cidade. Durante o espetáculo, um menino conseguiu sutilmente subir ao palco e entregar uma pequena rosa ao poeta. E a cena o fez perguntar-se (e perguntar-nos): "Existirmos... a que será que se destina?"

Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina


O Natal e o Halloween


- Por que engenheiros, principalmente de computação, sempre confundem o Natal com o Halloween?

- Porque DEC25 é a mesma coisa que OCT31.

Meu voto de boas festas


Mensagem de fim-de-ano


"No final do ano, saudamos aquele que veio ao mundo somente para nos salvar: o 13o salário!"

(retirado de "O Grande Livro dos Pensamentos de Casseta e Planeta")

Mais Belém: piadinha suja!


Um sujeito comentando com um amigo sobre sua primeira viagem a Belém:

- Rapaz, em Belém as pessoas comem pirarucu, tucunaré, baiacu, cupuaçu, bacuri... Ô povo pra gostar de comer peixe e fruta!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Belém do Pará, por Eder Fabrício

A Belém que conheço hoje não é bem a mesma do poema do Bandeira (post abaixo)... Ela continua a cidade das mangueiras e a Generalíssimo continua lá (liricamente, brasileiramente). Por sinal, a Generalíssimo é meu corredor preferido de mangueiras... a despeito do temor de estar passeando por ela e ser agraciado com uma manga maduríssima na cabeça ou na lataria do carro. Mas a Generalíssimo já não faz mais esquina com a São Jerônimo. Simplesmente porque algum governo - sempre um governo! - resolveu expulsar o santo da cidade e rebatizar a avenida como "governador josé malcher". Porém na boca dos mais antigos, que já amam a cidade há muitas décadas, ela continua São Jerônimo!

Em ambas as avenidas - e em mais dezenas de endereços na cidade - tem sorveteria Cairu, o melhor sorvete do mundo! Principalmente se for o de açaí com tapioca.

E as bandeirinhas triangulares roxas, que sinalizam pontos de venda de açaí, continuam em todas as esquinas da cidade.

Também estão lá as banquinhas de venda de tacacá, que, apesar de delicioso, só mesmo sendo paraense pra saborear durante o dia, com todo aquele calor. Tacacá que nunca me permitiu descobrir se o melhor do sabor vem do tucupi, do jambu, do camarão... ou da cuia! (Há quem diga que é do palitinho).

De uns anos pra cá, a cidade morena ganhou (finalmente) ares mais turísticos. O Mercado do Ver-o-Peso, feira livre junto ao cais e primeiro item na agenda dos turistas, continua lá, com suas vendas de pirarucu, tucunaré (esses são peixes), bacuri, cupuaçu, pupunha, biribá, sapoti (essas são frutas) e essência de patchuli. Ah, o cheiro de patchuli na Presidente Vargas!!! Por que é que textos não produzem cheiros, hein?! E as essências e plantas e sementes e mandingas que curam de tudo, de dor de dente a dor de corno e dor de cotovelo, estão lá, nas barraquinhas do Ver-o-Peso. Mas logo ao lado, onde havia décadas era a sujeira do cais, agora está a Estação das Docas - de uma formosura que turista tem que ver! E nativo também! A versão amazônica de Puerto Madero. Boa comida e boa música à lua e ao vento do cais. Um agrado aos olhos, ouvidos, nariz, boca e tato. Plenitude.

Pela avenida Doca de Souza Franco, que virou o point das noitadas divertidas, dá pra pegar de volta a Generalíssimo e retornar a Nazaré, pra ver a linda praça e a Basílica.

Durante o dia, ali ao lado, tem o Museu Emílio Goeldi, com toda a flora e a fauna que só a Amazônia tem, com vitóras-régias, peixes-bois, quatis e bichos-preguiça. E quem achar o museu pequeno pode ir até a avenida Almirante Barroso e entrar no Bosque Rodrigues Alves também.

No final da avenida, a obra do Niemeyer sinaliza que você chegou ao entroncamento e precisa decidir: quer pegar a rodovia Augusto Montenegro e conhecer o estádio do Mangueirão (moderno e belíssimo) e o cais do porto de Icoaraci (onde se pega o ferry boat para a espetacular Ilha do Marajó) ou quer pegar a BR-316 e rumar para as praias deliciosas da Ilha do Mosqueiro ou de Salinas (mais afastada)? Sugestão: escolha qualquer um. Noutro dia, volte e escolha o outro. Você vai se encantar por ambos os caminhos!

E na cidade ainda tem o Mangal das Garças, o Pólo Joalheiro, o Forte, a Casa das Doze Janelas... É, o Bandeira estava certo...

Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.

Belém do Pará, por Manuel Bandeira


Belém do Pará

Bembelelém
Viva Belém!

Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial
Beleza eterna da paisagem

Bembelelém
Viva Belém!

Cidade pomar
(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinqüente:
O apedrejador de mangueiras.)

Bembelelém
Viva Belém!

Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:
Estrada de São Jerônimo
Estrada de Nazaré
Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca de todas as cidades do Brasil
Se chama liricamente
Brasileiramente
Estrada do Generalíssimo Deodoro

Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.

Terra da castanha
Terra da borracha
Terra de bribá bacuri sapoti
Terra de fala cheia de nome indígena
Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau ou ave de plumagem bonita.

Nortista gostosa
Eu te quero bem.

Me obrigarás a novas saudades
Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé
Com a fé maciça das duas maravilhosas igrejas barrocas
E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão bonitinhos

Nunca mais me esquecerei
Das velas encarnadas
Verdes
Azuis
Da Doca de Ver-o-Peso
Nunca mais

E foi pra me consolar mais tarde
Que inventei esta cantiga:

Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.


(Belém, 1928)

O mochileiro das galáxias e a JAL


A seguir está um post retirado (e adaptado) de um blog temporário, chamado mochileiro das galáxias, que criei para os curiosos acompanharem um mochilão que eu fazia à época...

O Mochileiro das Galáxias espera que, após a leitura de alguns posts, as pessoas se sintam encorajadas a levantar da cadeira, pegar um bom par de calçados e uma mochila e sair para conhecer seus vizinhos, mesmo que eles estejam um pouquinho pra lá do horizonte. Welcome aboard!!!

Noite de quinta-feira, 26 de outubro de 2006. Minha primeira curiosidade era sobre o vôo da JAL. Sim, porque mochileiro que se preza pesquisa o vôo mais barato e descobre que SP-NYC não é pela AA, Delta, United ou Continental, mas pela gloriosa Japan Airlines!!! O vôo era Sampa-NYC-Tokyo e, conforme esperado, a grande maioria dos passageiros eram japas. Japas mesmo! Não estou falando de nissei, sansei ou não-sei, mas de japas mesmo, daqueles com quem a comunicação beira o inviável! E os avisos, tanto no aeroporto quanto na aeronave, eram dados primeiro em japonês e só então em inglês e português. A outra coisa que achei muito curiosa foi que, no serviço de bordo, antes de ser servida a comida eram distrbuídas aquelas tradicionais toalhas quentes!!! O que é ferrado é que, com isso, o serviço de bordo fica muuuuuuuito demorado e, a despeito de o avião ter decolado meia-noite e pouco, as luzes só foram apagadas às 3h. Como eu já tinha dormido poquíssimo nas duas noites anteriores (em função da Mostra de Cinema de São Paulo e dos botecos que se seguem a ela), fiquei realmente detonado...

Mas se tem uma coisa que tenho em comum com os japas é o gosto por tecnologia. Não lembro que modelo de Boeing era (os amigos aeronáuticos talvez possam ajudar), mas rolavam LCDs individuais para todos os passageiros com um menu de opções por filmes, rádio, informações sobre o vôo, jogos ou a programação principal do avião (que também era transmitida em um telão). Ao controle remoto era acoplado um telefone. E, tanto na decolagem quanto na aterrissagem, a programação principal mostrava a visão dos pilotos, o que eu achei muito show! Aproveitei para ver o filme do Al Gore sobre o aquecimento global. Interessante o filme, mas como eu odeio frio e tinha visto no WeatherChannel que estaria fazendo 7 graus Celsius em NYC, confesso que vi o filme pensando "Fuck Al Gore! Hail to the global warming!"

Dezembro


Dezembro sempre foi meu mês favorito. Quando criança, ele me chegava como o início das férias e o início do verão (embora o Piauí não tenha estações definidas, dezembro lá significa chuvas leves e temperatura mais amena). Chegava-me também pelas decorações iluminadas das cidades, pelos presentes de Natal, pelo astral sorridente e cordial das pessoas nas ruas (fosse pelo recesso no trabalho ou pelo 13o salário) e pelas mensagens de solidariedade e esperança na TV. Depois que crescemos, tendemos a olhar o mundo com menos brilho (segundo os oftalmologistas, devido a um enrijecimento do cristalino). Mas as coisas de dezembro continuam lá: férias ou recesso para muitos, verão, decorações iluminadas, presentes, 13o e mensagens de que Deus acertou ao criar o homem. Talvez por isso, mesmo depois de enrijecido o cristalino, dezembro continua meu mês favorito.
É um tempo em que muitos (eu, inclusive) se propõem a fazer uma pausa e reavaliar os caminhos, pensar nas famosas "promessas de ano novo". Pensando em 2009, lembro que será ano de PISA, ano de eu espumar de raiva com o mais célebre índice de mediocridade (e condenação ao quinto mundo) do Brasil. Mas também lembro que o seriíssimo projeto Todos Pela Educação continuará firme em perseguir as metas para 2022 (e sem muito governo pra atrapalhar). Lembro que o Gordo, se chegar a jogar, irá desperdiçar jogadas do Corinthians por mera falta de condicionamento físico. Mas vou torcer doentiamente pra ele não prejudicar a harmonia do grupo, pra ele gerar muito dinheiro pro clube, pra eu queimar a língua sobre a condição dele e pra o Timão ter realmente um "dois mil e 9-fenomenal". Lembro que em 2009 voltarei a calçar sapatos, o que pra mim é a melhor metáfora da opressão. Mas lembro que, embora calçando sapatos, reencontrarei meus amigos de Bacen e atuaremos em projetos empolgantes.
É... dezembro é mesmo a janela da esperança! E o que mais espero é que, assim como eu, os amigos que fui colhendo pela vida tenham planos auspiciosos e consigam realizá-los todos!

Boas festas, bons planos e ótimo 2009 a todos!

De repúblicas e brothers (muito pessoal)


14 anos de república em 2008. Certamente, a convivência com vários colegas das mais diferentes origens, regiões e culturas ao longo desses anos foi de influência crucial na formação da persona que vos escreve. Esse post é uma lembrança de tais companheiros de estrada.










Tudo começou no ITA, dividindo apartamento(s... na verdade, foram vários: o temporário 309, o inesquecível 106, o terrível 221 com fundo para a quadra, e o Olimpo 318) com colegas de curso. Se no apê inicial éramos seis: Rodrigo, MacNiven (os dois outros na foto em frente ao CTA), Renatão, Ademi, Wildisandro e eu, no último, após mudanças, formaturas, desistências, trancamentos e desligamentos, éramos Mateus, Bizunga e eu (na outra foto). Uns, grandes brothers (os das fotos, especialmente). Outros, rápidas passagens. Mas todos, certamente, com seus lugares na lembrança.







Terminada a fase São José dos Campos, segui dividindo apartamento durante o início da fase Sampa. E com antigos colegas: Mateus e posteriormente Rodrigo. Por uns tempos, tivemos ainda a grata companhia de um amigo dos meus tempos de Piauí, dr. Marcio Pio, que, com as novas más influências, quase debandou da medicina para o violão, conforme denuncia a foto abaixo.

A mudança de um (Rodrigo) e os casamentos dos outros (Marcio primeiro, Mateus depois) desmancharam a república da Vila Mariana, e lá eu rumei para a república da Haddock, uma das mais rotativas do mundo! Em pouco mais de dois anos, convivi na república da Haddock com o ministro Giu Cabellone (diretor-presidente, na foto abaixo), Julião (o japa peruano gaúcho e gremista), Thiago Chiliatto, Messias, Clarissa e mais uma dezena de "albreguistas" que passavam por lá.















Mudando pra BH, até cogitei morar só, mas em pouco tempo vi-me de novo dividindo apê com novos brothers: Weslem (o Carioca), Wescley e Thiago Caliari (o Van Damme).

Bom... Se há duas coisas das quais não posso me queixar sobre o decorrer desses anos são falta de divertimento e de lições de convivência e respeito às diferenças. Meu muito obrigado a todos esses grandes brothers.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Errante


Talvez a "letra E" mais presente na minha vida seja a de errante.
Não me lembro da minha primeira migração mas a história oficial conta que foi aos 2 anos de idade, quando meus pais me levaram da minha querida Belém do Pará, onde nasci, para Oeiras (cidade que fora, em tempos coloniais, capital do Piauí). Curioso as duas cidades (Belém e Oeiras) serem homônimas de cidades portuguesas. Não sei o quanto isso é revelador de nossas influências coloniais... foi uma idéia que só me ocorreu agora.

De Oeiras, onde vivi dos 2 aos 6, tenho poucas lembranças. Um pátio amplo na frente da casa, com um grande portão separando-o diretamente da calçada. Nas minhas recordações caleidoscópicas, havia uma praça em frente - lembrança esta negada pelos meus pais. Eu adorava ir ao pátio para ver a rua, jogar bola com meu pai e ler gibis (segundo minha mãe, não sei com quanto exagero de uma escorpiana, a partir dos 2 anos eu já me aventurava nas letras). Lia os gibis em uma pequena cadeira de espaguete verde-claro (miniatura da que está na foto abaixo) e foi num deles que vi o anúncio de um uniforme do homem-aranha, com uma máscara de borracha (bastante inadequada para o calor piauiense, mas qual criança se importa?). Também era nessa cadeira que costumava comer pudim em um pyrex em frente à TV, vendo Sítio do Pica-Pau Amarelo. Recordo ainda o choro e a lamentação de uma vez que deixei o pyrex escapulir-se da minha mão e partir-se no chão. Lembro-me de um vizinho, ainda mais novo que eu, chamado Aldinho, que quando queria água pedia "ábum". Lembro-me de fugir, de vez em quando, para a casa do Dito e do Bita - na minha memória, já pré-adolescentes -, que eu tinha como meus grandes amigos. E isso é tudo o que vejo no caleidoscópio quando olho para Oeiras.









Aos meus 6 anos, quando a memória consciente começa a ficar mais sólida, rumamos para José de Freitas, mais uma escala no interior do Piauí. De lá, recordo-me de amigos e histórias que merecem mais espaço, em outros posts.

Aos 9 anos, a próxima escala em companhia dos meus pais seria Teresina, a capital que homenageia o nome de Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. As escalas seguintes já seriam aventuras solitárias, depois de meus pais assentarem-se em Teresina e transformarem a cidade no porto seguro para onde retorno de quando em quando. A motivação em ir para a capital eram meus estudos e, de fato, uma das coisas de Teresina que carrego no coração é o glorioso Instituto Dom Barreto (IDB), que também terá mais espaço em outros posts.











16 anos e uma nova parada (a quinta, se o leitor ainda não perdeu as contas): São José dos Campos, interior de São Paulo, mais uma vez por motivos de estudo - dessa vez, a faculdade. O primeiro vôo solitário a um lugar desconhecido e a temporada joseense também merecerão posts específicos. Mas cumpre lembrar que foi lá que aprendi a MOCHILAR (meu verbo preferido): de explorações no sul-sudeste do Brasil a incursões no velho continente, La Poderosa (na foto ao lado) tornou-se minha companheira inseparável. E a partir de lá que tomei as próprias rédeas de meu papel de errante.

22 anos. Formatura e, mais uma vez, malas prontas. Dessa vez, para trabalhar na Sampa City, a cidade que adotei (ou que me adotou, sei lá). Das cidades onde vivi depois da infância, São Paulo foi a que, de fato, mexeu favoravelmente com meu coração - e isso não se deu na esquina da Ipiranga com a São João, apesar do ótimo Bar Brahma ali presente, mas talvez na Av. Paulista. Há outras terras que conheci de passagem e que igualmente - ou até mais - me encantaram. Mas Sampa eu quis que fosse - e quero que seja (sempre) - uma "passagem duradoura".

Para manter o padrão de 1 cidade a cada 4 anos, surgiu inesperadamente, aos 28 anos, uma escala temporária (de 2 anos) em Belo Horizonte, Minas Gerais. O que me chamou foi um mestrado (cujo convite me chegou no meio de um mochilão na California!) e é de BH que escrevo as primeiras linhas desse blog.

Próxima parada será um retorno a Sampa. A seguinte... não faço idéia! Mas, como diz um primo a meu respeito, "sou errante porque erro muito". Concordo. E pretendo continuar errando... cada vez melhor.

A letra E


Muito da minha vida se explica pela letra E. Meu nome, os nomes do meu pai E da minha mãe; o fascínio por alta tecnologia Eletrônica e pela invasão de e-mails, e-commerce, e-business e e-money em todo o mundo; meu interesse por Economia e Educação; e até filosoficamente, a relação que tenho com a idéia de Esperança. É ainda uma letra cheia de Energia. Gosto até do desenho da letra E. Três linhas paralelas horizontais (gosto do número 3 e de coisas horizontais) cortadas impiedosa e irreverentemente por uma vertical "do contra" (também gosto de coisas impiedosas, irreverentes e "do contra"). Ao todo, quatro linhas que não aprisionam, que deixam livre. É... a letra E me explica muito!