domingo, 8 de março de 2009

Línguas, gratidão, obrigação e criação


Acho que o grande barato de estudar línguas é descobrir como povos diferentes olham de formas diferentes para uma mesma situação. É daí que, enquanto espanhóis, italianos, ingleses e alemães apenas "agradecem" por uma gentileza ou um favor (gracias, grazie, thank you, Danke), portugueses colocam-se na condição de "obrigados a retribuir" (obrigado). Não faço ideia se o merci dos franceses remete à misericórdia do mercy inglês.

Lembro que a primeira vez que isso me chamou atenção foi quando soube que ingleses não dizem que cortaram seus cabelos, mas que "tiveram seus cabelos cortados". Gostei desse raciocínio linear. Perde em poesia mas ganha em objetividade e clareza, como é típico dos povos anglos. Por isso que o inglês é a melhor língua para a ciência.
Dia desses, chamou-me atenção falarmos em "criar filhos", enquanto ingleses "crescem seus filhos" (raise children). Achei interessante pensar no "criar". Para quem pensa em português, filhos então são obras, cujos artistas criadores são os pais! Até certo ponto acho que faz sentido. Só que são obras com vida própria, independente do olhar do público.

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