quinta-feira, 14 de maio de 2009

EDUCAÇÃO


É notório que, talvez por nunca ter frequentado uma universidade (mesmo depois de rico), o Presidente South Park pratica uma política educacional que confunde alhos com bugalhos. Ou, sendo mais preciso, confunde educação básica com educação acadêmica.


A educação básica (que no Brasil é dividida em 4 blocos, chamados creche, educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) deveria dar-se dos 0 aos 18 anos (ou 20 anos, na minha opinião particular), ser provida pelo Estado com acesso universal e gratuito, manter alunos (e pais, quando viável) fortemente engajados no processo, e capacitar os alunos a:
1 - comunicarem-se, lerem e escreverem com fluência e clareza tanto na sua língua nativa como em línguas universais;
2 - fazerem análises lógicas, quantitativas e gráficas elementares;
3 - refletirem e discutirem com pluralidade e sem dogmatismos sobre temas abstratos intrínsecos às inquietações humanas (filosofia, psicologia, artes, ideologias, religiões);
4 - terem consciência de seus próprios corpos e cuidarem para manterem-nos sãos;
5 - compreenderem os princípios fundamentais da saúde humana;
6 - conviverem com familiaridade com aspectos da vida contemporânea, tais como computadores, trânsito e finanças;
7 - compreenderem aspectos gerais da sociedade em que vivem e das demais sociedades (com as quais sempre podem ter contato algum dia), incluindo suas histórias, culturas e leis;
8 - compreenderem os princípios fundamentais do funcionamento da natureza (com o cuidado para que não se percam em minúcias irrelevantes e excessivamente complexas);

A educação acadêmica é outra conversa, completamente distinta! Deve voltar-se para PRODUÇÃO (e compartilhamento) de conhecimento, e não mais para "alfabetização" (no sentido completo da palavra) de um povo. É assunto para a pasta da "ciência e tecnologia", e não mais para a "educação, esporte e cultura". No blablablá dos economistas, teria a ver com "inovação e crescimento", e não com "equidade e desenvolvimento". E, acima de tudo, não deveria jamais ser encarada como "passaporte para o mercado de trabalho". Academia é lugar para quem tem interesse e perfil para produzir ciência. Não precisa ser universal como deve ser a educação básica. (Na verdade, nem deve, dadas suas exigências de interesse - já por pessoas adultas - e perfil).

No Brasil, e suponho que na América Latrina em geral, criou-se ao longo das décadas (ou dos séculos) a cultura infeliz de transformar a educação acadêmica em "entrada para o mercado", o que a empurra para o Estado com caráter de universalidade e gratuidade e, assim, desvirtua tanto a própria educação acadêmica quanto a mais essencial responsabilidade do Estado (para com a educação de base). No governo do Presidente South Park, um dos acertos da política educacional tem sido a ampliação de cursos técnicos, o que alivia um pouco a cultura estapafúrdia que foi criada. Mas, pra contrabalançar, ele cria uma tal "Universidade para Todos", que parece ter o objetivo quixotesco de dar diplomas acadêmicos a uma população de 190 milhões de pessoas, sendo que 180 milhões delas não tiveram educação de base como deveriam (nem verão seus filhos terem, já que não há nem esboço de encaminhamento da revolução que a educação de base no Brasil requer).

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