terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Jamal!

Jamal passou a infância em uma favela, correndo descalço no chão de terra e defecando em latrinas a céu aberto. Frequentou uma sala de aula abarrotada de alunos, onde às vezes precisava sentar-se no chão por falta de cadeiras. A única coisa que lembra ter aprendido na escola é que dois dos Três Mosqueteiros chamavam-se Athos e Porthos. Ainda criança, viu a mãe ser assassinada por conta de conflitos religiosos. Desde então, precisou "tocar a vida" apenas com o irmão pouco mais velho, Salim. E os dois acabaram recorrendo às únicas possibilidades de desenvolvimento sócio-econômico que crianças sem educação de qualidade e sem habilidades esportivas têm. Salim buscou o crime organizado. Jamal, uma loteria.
O verdadeiro propósito de Jamal na loteria nem era a fortuna, mas a publicidade, visto tratar-se de uma loteria televisiva. As lições que foi colhendo ao longo dos percalços de sua vida - inclusive a de não confiar no ser humano - foram-lhe fazendo galgar degraus na loteria, até que se tornasse uma celebridade nacional e o herói acidental de um povo. Um povo que vive na miséria, a almejar uma riqueza que caia do céu, que "esteja escrita".

O cenário escolhido para a história acima foi a Índia (pelas conveniências comerciais de o país ter 1 bilhão de habitantes, falar inglês e estar na modinha dos BRICs), mas poderia ser qualquer outro país de 5o mundo, como o Brasil ou qualquer país da América Latrina. Poderia ser qualquer país com povo analfabeto (e, consequentemente, miserável) que espera por um herói nacional para quem possa gritar: "JAMAL!!!"

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