sábado, 3 de janeiro de 2009

O mochileiro das galáxias em Boston


Novembro de 2006. Continuação do mochilão pelos EUA.
Após os dias iniciais em NYC, estava eu, pela manhã, na Penn Station (Madison Square Garden, perto da Times Square), aguardando o trem para Boston. A
Amtrak foi outra boa surpresa que tive nos EUA. As linhas que pertencem ao eixo Washington DC - Boston são um ótimo serviço de trem. Comprei os trechos todos pela internet, retirei os bilhetes muito rapidamente e quando embarquei no trem... uau! era excelente!!! Poltronas bem confortáveis e espaçosas, com mesinha e tomada para quem quiser usar laptop. Ótima primeira impressão! Chegando à Boston South Station, liguei para meu amigo e nosso inestimável CEO Newton Maia Pelarius Maximus, que me orientou a pegar um táxi para a Harvard Business School (HBS) e me recebeu no apartamento que divide com outros dois brasileiros do MBA. Interessantíssimo conhecer o HBS lifestyle. A turma de segundo ano (da qual o Newton fazia parte na época) estava em semana de entrevistas e portanto não tinham aulas. Praticamente todas as noites rolavam reuniões de brazucas e afins nos apartamentos, para ver filmes, tomar vinho e falar besteira. Numa dessas, apareceu um italiano figuraça com um provérbio que achei fantástico: "Dio maledica chi non lica la fica". Lição de vida!

Fiz um tradicional fooling around no campus e, no dia seguinte, um trolley tour pela cidade. Boston é separada de Cambridge pelo Charles River (foto ao lado, com vista de Boston a partir de Cambridge). Harvard e MIT (pra quem não conhece, duas das universidades mais cultuadas do mundo) ficam às margens do rio, sendo apenas a HBS fica no lado Boston. A presença das duas universidades faz com que Boston tenha uma das populações mais escolarizadas do mundo.

A primeira balada que rolou em Boston (depois do tradicional vinho no apartamento) foi no Rumor, que às quintas-feiras toca música latina. Em Boston existe um "curfew", um toque de recolher que faz as baladas fecharem às 2h da manhã. Com isso, rolam duas coisas curiosas. A primeira é que, como as pessoas chegam na balada às 11h e sabem que só ficarão até as 2h, rola uma certa tensão das pessoas em aproveitar logo a festa antes que acabe, uma urgência pela "maximização de utilidade"! A outra curiosidade é a hora do curfew. As luzes da boate acendem, a música para e os seguranças começam a empurrar todo mundo pra fora, gritando "acabou! acabou! o local vai fechar!". Mas foi divertido!

Finalmente, na manhã de sexta-feira, fui ver como era uma tão famosa aula na Harvard Business School. Fui como "visitor" de uma aluna brasileira do primeiro ano, que conheci no "wine happy hour" do dia anterior (ser "visitor" significa ser apresentado à turma e ao professor, mas ter que entrar mudo e sair calado, sob pena de repreensão ao seu "convidante"). Ela me sugeriu assitir à aula de "leads", em que seria discutido o caso da Nissan no Japão (empresa automotiva que estava à beira da bancarrota e foi reestruturada na gestão do brasileiro Carlos Gohsn). É uma aula bem diferente. Os alunos recebem dias antes uma descrição do caso e basicamente o professor vai conduzindo um debate entre os alunos na aula. Como a maior parte da nota é dada pela participação nesses debates, rola uma tensão de todo mundo querer falar. Assim, em uma sala com 90 alunos, a cada vez que um termina uma frase outros 20 levantam a mao querendo fazer algum comentário e o professor aponta um dos 20 para falar.

Na sequência, fui almoçar no refeitório da universidade e acabei decidindo assistir também à aula de financas, já que é a matéria que mais tem a ver comigo. Confesso que nesta eu fiquei agoniado em não poder participar. A aula era sobre CAPM e, sendo eu um trader grafista e pragmático que acha que CAPM é uma bullshitagem que só rende dinheiro pros caras que o inventaram, fiquei me coçando pra dar uns palpites. Mas consegui me comportar.

Bom... depois das aulas na HBS, soube da notícia de que um dos colegas do apartamento em que eu estava hospedado recebera oferta da McKinsey, que era o que ele mais almejava. Então fomos um grupo celebrar a notícia em uma steak house (muito parecida com o Outback) chamada Bugaboo’s Creek.


No sábado, fui conhecer Boston a pé. Já havia feito um tour pela cidade em um trolley (com o motorista dando informações sobre a cidade), mas nada como gastar uma solinha, conversar com os nativos e ir descobrindo as coisas pitorescas de uma cidade by yourself, vivenciando as "experiências antropológicas" (expressão do meu amigo Alejandro Tapias). Andei pelas redondezas do Common, um parque bem bonito no centro da cidade, por onde passa uma linha que eles chamam de Freedom Trail. Trata-se de uma linha vermelha pintada no chão, com cerca de 6 milhas de extensão e ao longo de 16 pontos turísticos da cidade. A linha representa o percurso seguido por Bostonians revoltosos em um movimento libertário do século 18.

Na sequência do Common, fica uma avenida chamada CommonWealth, que tem um meio-fio (ou ilha, como dizem os paulistas) largo e arborizado, parecendo a própria extensão do parque (foto ao lado). Os Bostonians se gabam de Winston Churchill ter dito uma vez que a CommonWealth era o lugar mais bonito que ele conhecera nos EUA. Minha opinião a respeito é: ele não deve ter conhecido o Central Park (nem o Grand Cannyon, nem Henderson Beach).

À noite, baladinha... O point da vez foi o Caprice, festinha de aniversário de uma galera da HBS. Como chegamos cedo, percebi que as baladas de Boston só ficam mesmo hardcore (quando começa a música latina e o dirty dancing) depois das 11h. É a partir daí que a galera começa a observar que só terá mais 3 horas para tomar os territórios e por isso a guerra se torna mais sangrenta, hahahaha! Muito divertido!

Domingão, último dia em Boston. Depois de tanta convivência com a galera de Harvard, não poderia deixar de ir prestigiar tambem os vizinhos – o MIT, Massachusetts Institute of Technology. No caminho até lá, parei no MIT Museum, que, apesar de pequeno, é um prato cheio para os entusiastas de tecnologia. Particularmente, curti muito as salas de holografia e de inteligência artificial do museu. Outra coisa curiosa é o visual dos prédios do MIT (fachada do prédio principal em foto abaixo). Enquanto em Harvard, os prédios têm aquela cara de tradição, com os tijolos bem vermelhos à mostra, no MIT rolam umas arquiteturas futuristas muito bacanas (como a dos quadrinhos coloridos nos dorms, na foto abaixo). Talvez a que mais chame atenção seja a do Artificial Inteligence Labs (outra foto abaixo), laboratório montado a partir de uma modesta doação de US$ 20 milhões de Bill Gates.





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