quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Belém do Pará, por Eder Fabrício

A Belém que conheço hoje não é bem a mesma do poema do Bandeira (post abaixo)... Ela continua a cidade das mangueiras e a Generalíssimo continua lá (liricamente, brasileiramente). Por sinal, a Generalíssimo é meu corredor preferido de mangueiras... a despeito do temor de estar passeando por ela e ser agraciado com uma manga maduríssima na cabeça ou na lataria do carro. Mas a Generalíssimo já não faz mais esquina com a São Jerônimo. Simplesmente porque algum governo - sempre um governo! - resolveu expulsar o santo da cidade e rebatizar a avenida como "governador josé malcher". Porém na boca dos mais antigos, que já amam a cidade há muitas décadas, ela continua São Jerônimo!

Em ambas as avenidas - e em mais dezenas de endereços na cidade - tem sorveteria Cairu, o melhor sorvete do mundo! Principalmente se for o de açaí com tapioca.

E as bandeirinhas triangulares roxas, que sinalizam pontos de venda de açaí, continuam em todas as esquinas da cidade.

Também estão lá as banquinhas de venda de tacacá, que, apesar de delicioso, só mesmo sendo paraense pra saborear durante o dia, com todo aquele calor. Tacacá que nunca me permitiu descobrir se o melhor do sabor vem do tucupi, do jambu, do camarão... ou da cuia! (Há quem diga que é do palitinho).

De uns anos pra cá, a cidade morena ganhou (finalmente) ares mais turísticos. O Mercado do Ver-o-Peso, feira livre junto ao cais e primeiro item na agenda dos turistas, continua lá, com suas vendas de pirarucu, tucunaré (esses são peixes), bacuri, cupuaçu, pupunha, biribá, sapoti (essas são frutas) e essência de patchuli. Ah, o cheiro de patchuli na Presidente Vargas!!! Por que é que textos não produzem cheiros, hein?! E as essências e plantas e sementes e mandingas que curam de tudo, de dor de dente a dor de corno e dor de cotovelo, estão lá, nas barraquinhas do Ver-o-Peso. Mas logo ao lado, onde havia décadas era a sujeira do cais, agora está a Estação das Docas - de uma formosura que turista tem que ver! E nativo também! A versão amazônica de Puerto Madero. Boa comida e boa música à lua e ao vento do cais. Um agrado aos olhos, ouvidos, nariz, boca e tato. Plenitude.

Pela avenida Doca de Souza Franco, que virou o point das noitadas divertidas, dá pra pegar de volta a Generalíssimo e retornar a Nazaré, pra ver a linda praça e a Basílica.

Durante o dia, ali ao lado, tem o Museu Emílio Goeldi, com toda a flora e a fauna que só a Amazônia tem, com vitóras-régias, peixes-bois, quatis e bichos-preguiça. E quem achar o museu pequeno pode ir até a avenida Almirante Barroso e entrar no Bosque Rodrigues Alves também.

No final da avenida, a obra do Niemeyer sinaliza que você chegou ao entroncamento e precisa decidir: quer pegar a rodovia Augusto Montenegro e conhecer o estádio do Mangueirão (moderno e belíssimo) e o cais do porto de Icoaraci (onde se pega o ferry boat para a espetacular Ilha do Marajó) ou quer pegar a BR-316 e rumar para as praias deliciosas da Ilha do Mosqueiro ou de Salinas (mais afastada)? Sugestão: escolha qualquer um. Noutro dia, volte e escolha o outro. Você vai se encantar por ambos os caminhos!

E na cidade ainda tem o Mangal das Garças, o Pólo Joalheiro, o Forte, a Casa das Doze Janelas... É, o Bandeira estava certo...

Bembelelém
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.

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