Quem me conhece sabe da antipatia que tenho por franceses. (Na verdade, não sei se é por franceses ou especificamente por parisienses, dado que até hoje só conheci uma francesa não parisiense - Sandrine, de Lyon - e ela era muito agradável, além de ser gata e falar inglês).
Pois eis que era janeiro de 1999 quando eu estava mochilando pelo Velho Continente e, após um memorável revéillon em Barcelona (digno de um post no futuro) e após muito enchimento de saco por parte de um amigo que fazia esse trecho do mochilão comigo, fui convencido a embarcar em um TGV para Paris.
Uma moça no trem andava pelo corredor saudando todo mundo com um "Bon Anné, Bon Anné", o que parecia muito hospitaleiro, mas, dito em francês, me soava falso e irritante. O TGV era bem mais caro que os outros trens que peguei pela Europa mas, obviamente, era bem mais confortável pois era totalmente leito. Aquela foi a melhor dormida em trem na minha vida. Mas, como franceses (ou parisienses, sei lá!) têm o talento inato para a inconveniência e a arrogância, o fiscal de fronteiras veio perturbar meu sono quando o trem adentrou o país e, ao ver meu passaporte verde-escuro, falou com um risinho de canto de boca: "Brésil? Zidane!" Eu o mandei à merda em inglês, aproveitando que todo francês típico finge que não entende a língua que os passou pra trás.
Chegando a Paris, conheci:
- uma cidade relamente muito bonita (especialmente a região de Champs du Mars, ao redor da Tour Eiffel), mas beeeeeeeem menos charmosa que Viena e Buenos Aires;
- uma comida realmente deliciosa (até o café da manhã num McDonald's é saboroso!);
- um povo extremamente antipático, que fala com cara de poucos amigos e finge não entender inglês;
- um dos melhores albergues que já conheci (Le D'Artagnan, da Hostelling International), onde tinha um ótimo jantar e até um cinema!;
- uma fila interminável para visitar coisas sem graça no Museu do Louvre (incluindo o quadro da Mona Lisa, que é minúsculo e, cercado de japoneses com câmeras, fica quase invisível);
- excêntricos visitando túmulos do Jim Morrison, do Alan Kardec e do Oscar Wilde no cemitério Peré Lachaise;
- a beleza e a imponência do Palácio de Versalhes, desde os intermináveis jardins até o Hall dos Espelhos;
- um sistema de metrô muito bom, mas com usuários (franceses, obviamente) fedendo, abraçados com cachorros e pulando catracas;
- a imponência do Arco do Triunfo e da Champs Elisées; e, finalmente...
- a Catedral de Notre Dame, palco da mais cômica estripulia que me lembro de ter feito em mochilões.

Como o leitor é bastante perspicaz, já deve ter deduzido que, quando visitei a catedral de Notre Dame, a torre mais alta estava fechada pra visitação (suponho que por causa do vento muito forte). E isto aparecia em avisos afixados na entrada da catedral, escritos em vários idiomas, dentre os quais o português. Mas é aí que chegamos ao início da historinha. O aviso em português dizia:
A TORRE DA CATEDRAL VAI FICAR FECHADA ATÉ ABRIU.
Ao mesmo tempo em que imaginei que o mês de abril marcasse o final da temporada de ventos fortes, incomodei-me com o flagrante e escandaloso erro ortográfico do "ABRIL" escrito com "U" no final. Afinal, um povo que tanto me torrara a paciência para que eu admirasse a língua dele aparece, num rompante, aviltando a minha!
Não me contive e fui reclamar (em bom inglês, para ficarmos na neutralidade entre as partes) com a moça responsável pelos avisos.
- Com licença. Sou brasileiro, nativo de língua portuguesa, e estou incomodado com um erro orotgráfico gritante que vocês cometeram no aviso em português. Acho que vocês devem tratar com mais cuidado as línguas dos outros!
Surpreendentemente, a moça mostrou-se preocupada, desculpou-se, e prontamente sacou uma caneta para corrigir o erro.
- Qual a grafia correta, senhor?
- ABRIL não se escreve com U no final, mas com... ... ... R!
Ela empunhou a caneta e corrigiu o aviso, conforme minha recomendação:
A TORRE DA CATEDRAL VAI FICAR FECHADA ATÉ ABRIR.
Sacanagem da tua parte, foi indelicado com a unica pessoa que lhe foi gentil.
ResponderExcluirE sim, é só Paris q tem povo sem educação, muito parecido com o Brasil inclusive.
HAHAHAHAHAHAHA ... o outro cara se mordeu, ahahahahhahahaha
ResponderExcluirÉ isso mesmo ós parisiense são um bando de otários ! ! !